quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Artes de Moçambique em Almada



15 desenhos inéditos de Malangatana e uma retrospectiva do arquitecto José Forjaz, amigo de longa data do afamado pintor moçambicano, estão a ser mostrados até 9 de Janeiro próximo na Casa da Cerca em Almada, numa exposição que é um dos grandes eventos deste começo de temporada cultural.

Com esta mostra, intitulada Novos Sonhos a Preto e Branco, que integra ainda seis pinturas sobre pedra mármore, parte de um conjunto mais vasto, apenas mostrado duas vezes em Moçambique, Malangatana regressa a uma relação directa com o homem, convocando para as suas telas fábulas, histórias, rituais, contos tradicionais ou mesmo uma ambiência de religiosidade, que traduzem, como acentua Ana Maria Ribeiro, «o seu apurado sentido de observação quer das suas origens culturais quer da situação colonial, estando assim subjacente um sentido de crítica política e social».
Embora no seu conjunto de desenhos apresentados nesta exposição a cor esteja ausente, estes filiam-se numa temática já abordada pelo pintor, prosseguindo a genealogia do seu léxico artístico e visual, herdeiros inequívocos do seu modo de fazer. São «traços lânguidos, de diferentes espessuras e intensidade, (que) dão corpo aos corpos e às figuras que se adensam e se preenchem, quase sempre na totalidade, a folha onde se inscrevem» - salienta ainda a coordenadora da Casa da Cerca.

… e arte angolana na Galeria Novo Século


Por seu turno, em Lisboa, a Galeria Novo Século mostra as últimas obras do artista angolano António Alonso, a maior parte das quais integraram uma recente exposição do autor realizada na Gallery M, em Nova York.
Intitulada Extra in Harlem, esta nova série assume frontalmente uma força construída à base de cores explosivas e formas e ritmos falsamente naíves, que enformam uma proposta cujo objectivo se radica num processo criativo fundamentado no quotidiano africano, com as suas tradições e a sua ambiência e clima, portadores de sugestões e promessas muito peculiares.
Baseando-se involuntariamente nos chamados panos do Congo, universalizados em África pelos holandeses desde os fins do século XIX, António Alonso recria um universo muito próprio, a que será preciso estar atento como possível proposta para a renovação desta indústria.

Tereza Trigalhos em Lagoa e na CNAP


Entretanto, a cada vez mais activa artista plástica Tereza Trigalhos, ao mesmo tempo que apresenta os seus últimos trabalhos (até 14 de Novembro) no Convento de São José, mostra parte da sua última série Ilha dos Imortais, na Galeria da CNAP-Clube Nacional de Artes Plásticas, em Lisboa.
Trata-se, no seguimento do seu percurso, de imagens de forte impacto visual, formas recorrentes, a alimentar um desejo de comunicações construtivas/destrutivas, que, parecendo figurativas, mas ultrapassando com mestria essa fronteira, transportam em si a enorme força que só é possível quando o que está em causa é a pintura na verdadeira acepção da palavra e á qual Tereza Trigalhos tão sabiamente se dedica.
A sua arte impõe-se pela franqueza e pela vontade interior, conseguindo um conjunto estético, cultural e histórico impressionante, pela qualidade, oportunidade e volume, exprimindo com eficácia não só as inquietudes, mas também a criatividade nos universos líricos, trágicos ou dramáticos que constrói.


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