quarta-feira, 13 de outubro de 2010

III Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora

Os escritores moçambicanos na Diáspora querem ser tratados na sua qualidade de intelectuais nacionais moçambicanos, tais como os que nunca saíram do País – foi salientado no encerramento do III Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora, que teve lugar na Casa de Goa em Lisboa, entre 16 e 18 de Setembro passado.
Dignou-se abrir o evento o embaixador plenipotenciário da República de Moçambique em Portugal, Dr. Miguel Mkaima, que num improviso sentido falou essencialmente das dificuldades que a nação moçambicana atravessa e salientou o papel da cultura no seu desenvolvimento futuro.
O Dr. Miguel Mkaima destacou os "progressos" alcançados no sistema de ensino moçambicano -- no âmbito da "expansão escolar que está por concluir" --, mas reconheceu que "ainda há muito por fazer", sobretudo "no que diz respeito ao melhoramento da qualidade do ensino e da formação cívica e ética" das pessoas.
No entender do antigo ministro da Cultura de Moçambique, garantir às crianças "uma cada vez melhor aprendizagem é fundamental", também para "reduzir, em parte, o risco de se voltarem a repetir reacções violentas" como aquelas que aconteceram no início de Setembro.
Na altura, os vários escritores e poetas moçambicanos presentes criticaram a forma como Maputo geriu os aumentos dos preços dos bens essenciais e alertaram para a necessidade de os manter congelados por tempo indeterminado para evitar novos actos de violência.
No entender de Delmar Maia Gonçalves, Jorge Viegas e Ascêncio de Freitas, só será possível “acalmar os ânimos” de uma grande parte da população moçambicana e “evitar manifestações ainda mais violentas” do que aquelas que aconteceram no início de Setembro se o Executivo mantiver, a longo prazo, a sua decisão de congelar os aumentos de produtos essenciais
Organizado pelo escritor e poeta moçambicano Delmar Maia Gonçalves, com os apoios simbólicos da Embaixada da República de Moçambique em Portugal, Confraria do Vento Editora, RDP África e Casa de Goa, que cedeu o espaço, neste evento cultural participaram vários escritores, poetas e artistas plásticos moçambicanos, bem como, escritores, poetas e estudiosos das literaturas africanas e artistas plásticos convidados.
Este ano foram homenageados o artista plástico José Pádua e o escritor Guilherme de Melo (que não pôde comparecer), pelo prestígio que granjearam internacionalmente e o contributo que deram para o desenvolvimento e divulgação da cultura moçambicana na diáspora.
Foram ainda homenageados, a Revista “Nova Águia”, o site “Varanda das Estrelícias”, o Jornal “Poetas e Trovadores” e a Casa de Goa, pelo contributo que têm dado na divulgação das culturas lusófonas e literatura moçambicana.












Na foto: Castro Soromenho

No programa, que integrou a apresentação de várias comunicações, seguidas de debates, foram especialmente recordados os escritores Castro Soromenho, natural de Moçambique, que merece ser reconhecido como escritor africano, pelo sentido de toda a sua obra, Afonso Ribeiro, um precursor do neo-realismo português que viveu em Moçambique várias dezenas de anos, António Quadros, aliás Mutimati Barnabé João, o celebrado autor de “Eu, o Povo”, e o grande poeta moçambicano Rui de Noronha, pai da literatura moçambicana. Constaram ainda das actividades um recital de poesia e a inauguração de uma Exposição/Mostra Internacional Lusófona de Pintura, Escultura e Fotografia.
Estiveram presentes os escritores Delmar Maia Gonçalves, Ascêncio de Freitas, Jorge Viegas, João Craveirinha, Carlos Gil, Rodrigues Vaz, Zetho Cunha Gonçalves, Julião Bernardes, Joaquim Evónio, Eugénio Almeida, Vera Novo Fornelos, Celeste Cortez, Renato Graça, Ilda Oliveira e José Pinheiro, Ribeiro Couto, os Investigadores académicos Olga Iglésias, Cármen Maciel, Fernanda Angius, Renato Epifânio, Lívio de Morais e Madalena Mendes, os Artistas Plásticos José Pádua, Helena Justino, Lara Guerra, João Barros, Enid Abreu, Vera Novo Fornelos, São Passos e João Valentim.
Os objectivos do III Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora foram largamente alcançados, estando já a ser preparada a IV edição do mesmo.

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